MENTE INQUIETA

Mente inquieta

Esse blog existe desde março 2009 (o domínio antigo era jayetros.blogspot) e como estamos em 2021 isso significa que ele já tem 12 anos. 12 anos! Eu já fui muitas pessoas aqui, já quis ser muitas pessoas e ás vezes me pego lendo as postagens de um menino de 20 anos cheio de sonhos e traço um paralelo da pessoa que hoje me tornei e fico perguntando a mim mesmo o que o eu daquela época diria para o eu de hoje.

Bem, eu sou o Jay e atualmente tenho 33 anos. Sou fisioterapeuta formado e uma pessoa naturalmente inquieta, questionadora e barraqueira quando tem que ser. Nasci sob o signo de leão e talvez venha daí o meu ser temperamental e dramático. No futuro quando for mudar o layout pela milésima vez talvez essa descrição já seja outra. Num resumo bastante sucinto é isso.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Não Posso Ser Domado

 Interfone. Ele chegou! Deixei subir. Enquanto ele pega o elevador, checo os últimos detalhes: cabelo arrumado, pele cheirosa, boca pronta para o que der e vier.No quarto, a cama à espera, a luz bem leve. Para completar o clima coloco um CD. Visto uma roupa bem provocante. Tudo fácil de tirar. Ou de ser tirado.
Calço sapato AllStar. Não que me importe de ser assim. Faz parte do meu charme. Toca a campainha. Atendo. Ele entra. Me beija no rosto. Mesmo sem precisar, faço o mesmo. Pego ele pela mão e o levo até o sofá. Em clima de namoro, a conversa começa e logo ruma para a putaria. Sua boca ofegante roça o meu pescoço; sinto a barba por fazer, enquanto com minhas mãos entre suas pernas sinto o mundo virar pedra. Com um puxão dele, a camisa rasga . Como quem descobre um novo brinquedo, deixo que ele segure firme, mas com carinho. Sinto sua respiração quente, ofegante. Lambe uma orelha, depois a outra, fecho os olhos e deixo-o encher a boca como um garoto guloso. Na confusão de roupas tiradas com pressa, eu puxo sua calça e desço com a boca até o umbigo. Páro. Olho com um jeito sacana. E assim começa nossa história...
A minha, pessoal, e a do Jay. Sim, somos dois. Com duas histórias diferentes num mesmo garoto: eu.
Eu estava sozinho quando esse cara me puxou para um beijo. Minha primeira balada à noite. Nem perguntei seu nome. Meu primeiro programa de "adulto". Liberdade aos 16 anos, quase 17. Não fazia nem meia hora que eu havia chegado. Meu primeiro beijo. Ali mesmo, do beijo passamos ao amasso, no meio da pista. Quando eu menos esperava, ele me largou. Tudo assim, sem sentimento, sem trocar uma palavra. Naquela noite, fiquei com outros quatros carinhas diferentes. Não bastava um: tinham que ser vários para me satisfazer. Renato despertava para o sexo.Um desconhecido. Mesmo nervoso, eu me apresento com um texto ensaiado ali, na hora: Oi? Meu nome é Jay. Completei dizendo minha idade falsa, "18 anos", sem saber que nenhum garoto faz disso marketing pessoal. Ninguém podia saber que era minha primeira vez. Fazia apenas meia hora que eu havia saído da casa dos meus pais para chegar àquele novo mundo. Minha estréia aos 17 anos. Não diria àquele cara que nunca tinha feito sexo. Ele me escolheu. Eu queria sumir, sair correndo e voltar para a casa dos meus pais. Em vez disso, subimos para o quarto. Penso na minha mãe. Ele
me toca. Eu só pensava: - Vou sair daqui e voltar para casa. Ainda dá tempo de desistir e ir embora.
Acabei fazendo a  tarde toda. Nunca mais voltei para casa. Nunca mais vi meus pais. Jay nasceu para o sexo. Pouco mais de três anos separam esses dois momentos tão distantes um do outro. No primeiro, Renato mudava da água para o vinho, do meigo filho mimado e submisso para um adolescente sem freio, mentiroso, drogado. Havia treinado muito beijo no espelho do banheiro, na laranja, no braço, sempre confiante nas dicas das revistas de meninas. Ao vivo, tinha sido muito melhor. No segundo, achei no meu corpo,
entre as pernas, a chave da liberdade, mesmo que isso significasse mentir minha idade e colocar em prática o pouco que havia aprendido em um curto espaço de tempo.

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