Inquietações

Hoje eu acordei estranho, fiquei pensando em como é minha vida e o que eu estou fazendo com ela. Todo mundo deveria pensar assim, eu acho. Eu moro aqui há seis anos e eu estou realmente sendo do jeito que eu queria? Eu participei ativamente de cada coisa que eu amava fazer, eu participei ativamente das alegrias e tristezas dos meus amigos. E se eu tenho essa consciência: Porque eu não me vejo em nada disso?
No momento para mim a coisa mais impossível que ir embora, é ficar. Eu não quero magoar ninguém, quero só sair de fininho pelos fundos e só parar de correr quando chegar no Japão. Então... Ao invés de fazer isso decidir fazer a única coisa que uma pessoa sensata faria, Rezei. Isso foi algo tão inédito para mim, tão estranho que eu nem sabia como começar, iniciei me desculpando com Deus por nunca ter falado com ele diretamente antes, agradeci e creio que manifestei toda a minha gratidão por todas as bençãos que ele me deu na minha vida. E eu nem precisei entrar em detalhes porque ele sabe que o meu problema é sério, que eu não sei o que fazer e nesse momento a única coisa que eu preciso é de respostas. Eu não sei como as pessoas não estão cheias de mim, porque eu estou. Estou cansado de ouvir que é uma fase, que eu tenho que esperar. E isso é tudo que eu faço Esperar! Esperar que eu diga a coisa certa, que eu queira um emprego novo, que eu mude o meu jeito. Eu tenho que aceitar que não quero mais viver infeliz. Eu preciso escolher um sonho, e vivê-lo. Já cansei e não vou aguentar outro fim de semana no mesmo lugar, fazendo sempre a mesma coisa chata de sempre fingindo ser uma pessoa alegre e divertida que eu sei que não sou. E se alguém deseja continuar fingindo para mim, ótimo. O fracassado sou eu que não sabe fingir. Uma vez asssisti um filme que falava de um homem pobre que ía a igreja todo dia implorar diante da estatua de um santo para ganhar na loteria. Aí no final a estatua irritada, ganhou vida, olhou para ele e disse: Meu filho porque você não compra um bilhete? Acho que é isso que me falta comprar um bilhete. Nesse momento estou no local mais solitário e sossegado dessa casa: Meu quarto, e ele para mim é como uma ferida, é como um coração partido que você se apega porque a dor é boa. Todos nós queremos que as coisas boas permaneçam iguais, aí vivemos infelizes com medo que uma mudança repentina estrague tudo. E então eu olho para esse meu lugar, o caos que ele suportou, o modo como foi adaptado para mim e entao me tranquilizo. Talvez minha vida não tem sido tão caótica. O mundo que é, e a armadilha é nos apegarmos ás coisas. Talvez esse meu vazio seja o caminho que leva a transformação de alguma coisa, e eu tenho que estar preparado para isso. Eu mereço mais do que ficar junto por medo de ser destruído não ficando.