MENTE INQUIETA

Mente inquieta

Esse blog existe desde março 2009 (o domínio antigo era jayetros.blogspot) e como estamos em 2021 isso significa que ele já tem 12 anos. 12 anos! Eu já fui muitas pessoas aqui, já quis ser muitas pessoas e ás vezes me pego lendo as postagens de um menino de 20 anos cheio de sonhos e traço um paralelo da pessoa que hoje me tornei e fico perguntando a mim mesmo o que o eu daquela época diria para o eu de hoje.

Bem, eu sou o Jay e atualmente tenho 33 anos. Sou fisioterapeuta formado e uma pessoa naturalmente inquieta, questionadora e barraqueira quando tem que ser. Nasci sob o signo de leão e talvez venha daí o meu ser temperamental e dramático. No futuro quando for mudar o layout pela milésima vez talvez essa descrição já seja outra. Num resumo bastante sucinto é isso.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Tempus est dominus rationis

Eu fui ler a última postagem e fiquei pensando: Como pode né? Os sentimentos explodem como um campo minado dependendo do humor e da situação que estamos vivenciando. Tem sido dias tranquilos depois da tormenta (que para mim não acabou) minha relação com minha mãe melhorou quando passei a exercitar a paciência e compreendi que a depressão é uma doença silenciosa que tira a gente dos trilhos, se não há embate direto sobra pouco para conflitos e de resto é um processo muito particular que ela tem que passar sozinha embora não esteja só. Cada pessoa tem seus traumas, suas inseguranças, seus medos, lidar com isso é muito difícil porque explicita que somos pessoas frágeis e para alguns a mínima possibilidade de se enxergar frágil é dolorosa. A vida vai fazendo com que a gente crie cascas que são geradas por camadas ao longo dela e se despir dessas cascas não é fácil porque elas são proteção, escudo... Eu tenho tentado me despir das minhas para entender o caminho que quero seguir e não é fácil porque esbarro em muitas paredes levantadas ainda na infância e que eu não tinha a menor ideia de que hoje elas seriam relevantes no meu processo de autoconhecimento e aceitação. 


 

Tenho pensado muito na minha relação com meu pai ou no que ela poderia ter sido se fosse de outra forma. Os sentimentos se misturam porque ora eu sinto tristeza, remorso, culpa, pesar, dor... Eu não acho que tenha passado pelo luto da forma que devesse passar e se é que existe alguma forma de passar por isso, já refleti bastante sobre essa questão ao mesmo tempo penso que eu fui o que consegui ser porque a gente nunca é o que gostaria, é o que consegue ser.

Eu não posso e nem devo me colocar numa autoflagelação como se fosse o protagonista de uma história que eu não sou. Racionalmente é assim que penso, mas sentimentalmente o pensamento é oposto. Passo horas observando essas duas imagens: A dele vivo já doente e a lapide dele já morto. Em que lugar nesses dois espaços de tempo eu me encontro? Não sei responder. A chave que acessa essa resposta no meu subconsciente não está disponível. Para ser bem sincero eu nem sei como lido com essa questão porque é um assunto que não gosto de abordar com as pessoas, que eu me incomodo de falar, que me emociona e claramente não está bem resolvido é difícil essa cruzada. 

No campo de relacionamento eu resolvi ressignificar tudo que isto tem a me dizer. Primeiro que no momento que estou cheio de questões internas para lidar e resolver estar com alguém ia ser um verdadeiro transtorno e ia ser mais um problema para administrar e depois que as vezes que sai eu parei de me cobrar em beijar alguém, ficar com alguém porque essas pressões que nós mesmos nos colocamos sempre desagua num lugar de frustração porque a expectativa é toda criada em cima da aceitação de uma outra pessoa sobre nós. E eu não preciso que alguém demonstre que eu sou interessante para que me sinta interessante, esse peso da aprovação do outro resolvi me libertar e isso fez com que as coisas se tornassem mais leve. O preço disso é ficar sem sexo, mas a gente nasce e até uma certa idade antes da puberdade nem sabe que existe isso, se de hoje em diante eu não transar mais com ninguém tudo bem também. Tenho questões mais relevantes para abordar e resolver do que isso.

Eu noto que na comunidade da qual faço parte que é a gay existe um medo muito grande da solidão. A solidão do homem gay é algo muito complexo de explicar porque isso atinge as pessoas em níveis diferentes e a importância desse tema nas pessoas também varia de acordo com os ideais de cada um. Só um ponto é unanime em todas elas: ser e se sentir amado, no fim isso é o que todo mundo busca e que os gays assim como outras minorias sentem que tem pouco em relação ao resto do mundo. Foi por buscar suprir essa carência que me permiti viver algumas relações tóxicas que não tinha necessidade de viver e dais quais fazendo um retrospecto me arrependo profundamente porque não me causaram beneficio nenhum em nenhum sentido nem mesmo o do aprendizado. O que levo delas são os traumas que vive e as explorações (inclusive financeira) que passei. Hoje lido bem ou pelo menos tenho vivido temporariamente bem com a ideia da solidão, isso é um fantasma que não me assusta e nem me aprisiona mais. 

No campo profissional continuo num eterno dilema pois completamente insatisfeito com a minha situação atual e com o exercício da minha profissão ao mesmo tempo que é um desperdício uma pessoa com a minha criatividade não estar trabalhando com isso. Mas, eu não sei que linha seguir, as vezes acho que estou velho para começar do zero e isso é algo que me deprime e desespera. Eu não consigo enxergar nem por onde começar porque eu gosto de muitas coisas: de escrever, de criar, de falar, de me apresentar... Na minha essência eu sou um artista, mas não estou sabendo direcionar isso para nada. O que é uma merda porque me adoece e provoca em mim uma sensação muito peculiar de fracasso. Eu comecei a fazer fisioterapia pensando que curando e ajudando as pessoas eu estaria curando e ajudando a mim mesmo e cometi o pior dos erros que é o de fazer algo por conveniência e não por amor e agora estou nesse looping e não sei sair disso, não sei a quem recorrer, foda. ☹ 

Para não dizer que não fiz nada mais uma vez me inscrevi no Big Brother, isso é a única coisa divertida que eu faço por mim porque por si só a ideia de me tornar uma subcelebridade já é caricata. Eu renderia tanto num programa desses, uma pena que quem seleciona as pessoas não enxergue meu potencial porque eu entregaria tudo. Diferente dos outros anos esse eu fiz minha inscrição sem ansiedade e esperança nenhuma porque qual é o padrão de escalação? Pessoas padronizadas com harmonização facial, com notoriedade nas redes sociais e jovens. Os que não seguem essa linearidade (onde eu me enquadro) entra em pouco número. Aí escolhem um monte de gente morta que não proporciona nada podendo me escolher que sou fã do programa e proporcionaria tudo basta perguntar a qualquer pessoa que convive comigo. Triste. 

E é isso! Bjs  


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