MENTE INQUIETA

Mente inquieta

Esse blog existe desde março 2009 (o domínio antigo era jayetros.blogspot) e como estamos em 2021 isso significa que ele já tem 12 anos. 12 anos! Eu já fui muitas pessoas aqui, já quis ser muitas pessoas e ás vezes me pego lendo as postagens de um menino de 20 anos cheio de sonhos e traço um paralelo da pessoa que hoje me tornei e fico perguntando a mim mesmo o que o eu daquela época diria para o eu de hoje.

Bem, eu sou o Jay e atualmente tenho 33 anos. Sou fisioterapeuta formado e uma pessoa naturalmente inquieta, questionadora e barraqueira quando tem que ser. Nasci sob o signo de leão e talvez venha daí o meu ser temperamental e dramático. No futuro quando for mudar o layout pela milésima vez talvez essa descrição já seja outra. Num resumo bastante sucinto é isso.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Um fim ou um novo começo?


Escrever sempre foi o meu refugio quando eu passo por alguma situação que foge do meu controle. De certa forma colocar para fora em palavras o que sinto me acalma, é como se minha alma expulsasse de dentro de mim coisas que estão guardadas na minha cabeça.

Já tem mais de um ano que estou em Portugal longe de tudo e todos que eu vivi minha vida inteira e ainda hoje é difícil porque por mais que eu tenha o privilegio de ter minha rede de apoio, a sensação de não pertencimento ainda é muito forte em mim.

Eu comecei trabalhando aqui como empregado de mesa que é uma forma bonita de chamar as pessoas de garçom. No inicio eu achava divertido porque não conhecia ninguém, estava sempre indo em hotéis diferentes e assim ia conhecendo novas histórias e novas pessoas. A medida que o tempo foi passando isso começou a me desgastar porque já não era muito divertida a ideia de estar sempre em lugares diferentes fazendo um serviço que sendo bem sincero nunca gostei (Mas é o que pagava as minhas contas).

Segui assim durante meses até chegar num hotel chamado Eurostars Porto Douro. Segui meu trabalho como sempre foi até que surgiu a oportunidade de ser contratado por lá e assim segui durante nove meses até saber antes de ontem que já não era interessante me ter como um funcionário da casa devido ao meu trabalho que não era o necessário para a demanda de serviço. Fiz grandes amizades lá e a maioria de tudo que eu aprendi foi lá, obviamente não concordo com o feedback que foi me dado porque eu sei que vivendo em outro país é difícil um imigrante permanecer muito tempo no mesmo cargo devido a efetividade que garante direitos trabalhistas. Tenho total consciência do meu trabalho e fiz sempre o melhor que pude e o melhor que conseguia fazer. Permaneço lá até dia 11 de março e só Deus sabe como porque minha vontade é de nem ir mais para lá.

Eu não vou ser hipócrita aqui e dizer que era um trabalho perfeito porque a demanda de trabalho é insana, existe pouca gente para muito serviço e o salário nem é tão bom tendo em vista o que é exigido que se faça. Às vezes, eu tinha que me desdobrar em varias funções que não eram minha obrigação para que ao final do meu horário tudo tivesse sido concluído. Já dobrei meu horário de trabalho chegando a fazer 16 horas consecutivas porque um colega não pode ir ou por qualquer eventualidade que impedisse que eles fossem trabalhar, nunca ouvi um: muito obrigado. Mas, nunca liguei para reconhecimento porque para mim bastava ajudar e talvez ser bom demais para as pessoas tenha sido o motivo pelo qual eu fui descartado.

Eu estou muito mal primeiramente porque a ideia de perder um contrato e ter que voltar a trabalhar como extra em trabalhos temporários não me agrada nem um pouco. Depois acho que houve ingratidão comigo por todo o esforço (em vão) que eu demonstrei durante a minha trajetória lá, mas isso também é culpa minha de achar que eu seria valorizado dentro do capitalismo onde sou só mais um número e onde uma pessoa sai e entra outra em seguida para fazer a mesma função. Não existe consideração quando se trata de dinheiro e interesse pessoais envolvidos, nisso eu assumo completamente meu erro.

Mesmo sabendo de todas essas informações eu não tenho como não me sentir mal e agora ao invés de ficar me lamentando eu tento ver pela ótica de que não há nada que possa ser feito e é como é, são assim que as coisas funcionam e talvez a vida esteja tentando me tirar de uma zona de conforto para que eu possa viver outras coisas. Não sei. Tudo é muito incerto.

Uns tempos atras tinha ido numa cartomante que me disse que esse ciclo se fecharia, mas que tinha algo muito bom a minha espera, então, não posso dizer que essa notícia é necessariamente uma surpresa porque de fato não era. Talvez tudo isso seja Deus me tirando de um ambiente toxico, mas quando estamos feridos não conseguimos enxergar além, eu mesmo só tenho vontade de chorar e me sinto burro por ter dado tanto de mim, por ter ajudado tanto, mas ao mesmo tempo eu sou essa pessoa, não sei se teria como ser diferente.

Preciso focar no meu processo de cura porque de qualquer forma isso não é algo que eu quero para minha vida toda porque eu sei meu valor e sei que isso não é minha trajetória de vida, isso é apenas um pedaço da minha história e eu sinto no meu coração com toda a certeza da minha vida que vou ser grande e não vai ser aprisionado dentro de um hotel fazendo drinks ou servindo pessoas que vou realizar o que quero. O futuro a Deus pertence, de minha parte vou buscar outras possibilidades de ganhar dinheiro. Se for necessário volto a ser extra mesmo contra a minha vontade, enquanto não arrumo outro trabalho ou começo em outro hotel da rede (que foi me prometido ao assinar minha rescisão).

 

Adendo: Foi me prometido de comum acordo que eu iria para outro hotel da rede, um menor já que eu reclamava da alta demanda de serviço e eles não gostavam do meu trabalho (que eu só soube no ato da rescisão porque em nove meses ninguém me deu um feedback) a questão é que eu só posso ir depois que a funcionária formalizar a demissão dela, coisa que não fez até hoje então existe um inercia de tempo entre ela sair (se sair) e eu entrar na vaga que ela deixa para trás. Obviamente, apesar de me falarem que isso é algo certo eu não vou ficar esperando e fazer do atraso do outro a minha pressa.

 

Voltando...

Então, como já é habitual desse blog só escrever quando estou mal essa é mais uma daquelas situações da qual eu me sinto perdido (para variar), eu falo me sentir, mas até hoje desde 2009 eu nem sei se me encontrei. Eu estou deprimido, estou decepcionado, me senti usado, vez ou outro choro de decepção, minha energia está em baixa, mas passa, tudo passa. Fico triste por deixar meus amigos para trás, mas quem for meu amigo de verdade continua mesmo além do trabalho e tenho de seguir (Todo mundo tem de seguir) ficar chorando e me lamentando não vai levar a nada. Preciso me reinventar como fiz tantas vezes na minha vida e seguir em frente. Não quero viver refém de uma situação que “poderia ter sido”, se fosse o contrario estaria aconselhando um amigo a não se deixar abater e buscar novas possibilidades então esse é um conselho meu para mim mesmo e espero que quando eu volte aqui daqui há algum tempo e releia esse momento obscuro pelo qual estou passando eu tenha a sensação de que: EU CONSEGUI.

Eu não vou cuspir no prato que me sustentou durante meses e nem vou ser hipócrita de dizer que foi tudo incrível porque apesar de conhecer amigos incríveis ainda assim foi e tem sido difícil porque lá eu sempre quis ser eu e eu não conseguia ser eu, eu tentava falar com as pessoas, as pessoas viraram a cara para mim, nesses nove meses que passei trabalhando lá eu fui do céu ao inferno e voltei. Eu me senti a própria Juliette porque se eu chorasse era vítima, era frágil, se engolisse o choro era brabo, irredutível, se eu gritasse era doido e se eu falasse de algo que não estava correto em relação ao tratamento de outro colega era inveja, se eu apontasse algo por conta da xenofobia intrínseca eu estava sendo exagerado. Lá brincaram com minha fé, com minha autoestima, com as minhas ideologias, brincaram com tudo e eu me senti sozinho sem poder chorar porque não queria envolver meus amigos e sabia que iam querer me colocar numa posição de vítima. Mas, enfim...

Vamos ver, por hora tenho que respeitar meu momento e respeitar também o que sinto. Deus sabe de tudo. Eu não posso deixar minhas histórias, minhas dores e minhas cicatrizes falarem pela minha vida. Desde o dia que eu pisei o pé em Portugal eu tive a certeza dentro do meu coração que o que vai acontecer aqui é o melhor para mim e o melhor acontece exatamente como tem que acontecer.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2024

Dicotomia

 

Passado um ano desde a última vez que postei algo aqui, muita coisa mudou, passei por muitas situações que em algum momento exponho nesse blog. Atualmente meu único problema sou eu mesmo, em algum momento nessa jornada eu me perdi de mim, perdi algo que eu não sei ao certo o que é e ao mesmo tempo sei que perdi. Já não sou mais a pessoa que era antes de vim para cá.

Meu coração está completamente despedaçado por conta de um amor impossível de viver e essa dicotomia entre o racional e o emocional travam uma batalha dentro de mim que eu já não consigo dar conta sozinho. Tenho me refugiado em Isabela quando sinto que não tenho mais como segurar esse universo de sensações que quando saem de dentro de mim quase sempre são em forma de lágrimas. lágrimas de desespero, lágrimas de tristeza e sobretudo lágrimas de ego por saber que tenho algo que não é suficiente para mim.

Por vários momentos me julgo por me sentir assim pois é um comportamento adolescente (e já passei dessa fase faz tempo) mas não consigo controlar. A sensação que me passa é que me tornei uma formiga que se contenta com restos, restos de tempo, restos de atenção, restos de afeto... Eu reduzi quem eu sou para me caber numa situação que nem me cabe e eu sei que não me cabe.

Meus dias tem sido insuportáveis porque estou sempre na expectativa de que ele fale comigo, quando não fala sinto ansiedade, não consigo fazer nada, tenho um sono horrível e estou sempre ali de olho no telefone atrás de uma migalha que seja de atenção... Isso tem me feito tão mal, tem me afetado em tantos níveis dentro de mim que eu só tenho vontade de dormir, dormir para sempre.

Quando ele está com a namorada dele e eu estou presente para mim é o pior dos castigos porque me sinto desconfortável com demonstrações de afeto dele com ela, me sinto mal comigo mesmo por me incomodar com a felicidade de uma pessoa que eu amo e me sinto um monstro, uma pessoa egoísta...

Eu quero conseguir daqui a um tempo ler isso e perceber que foi só uma fase, que é um momento que passou (e que espero não ter nunca mais). Por enquanto, segundo Isa o melhor remédio é o tempo. Mas, quando a gente sofre temos a necessidade de que esse sofrimento acabe logo. Eu preciso me resgatar desse oceano que eu mesmo me afoguei, preciso de um impulso que me tire das profundezas e quando olhar no horizonte sob a água perceber que ainda existe vida, existe graça nas coisas...

Por hora, a muito custo tenho evitado procurá-lo, só respondo algo quando ele me pergunta porque é uma forma de me proteger de mim porque pior que ele falar, sou eu falar e não ter a resposta na hora que quero e na vida quem tem tudo na hora que quer?

Ele está vivendo a vida dele, nos dilemas dele, com as escolhas dele e eu tenho que fazer isso por mim, logo eu que sempre tenho algo a dizer estou agora numa posição de completa dependência emocional. E se eu não encaro isso com maturidade entendendo meu lugar e vendo onde e como isso me afeta que espécie de adulto eu me tornei, sabe?

 

Então, acho que 2024 já vem trazendo consigo uma nova lição e a minha lição é resgatar meu amor próprio que talvez seja o que eu perdi e não estava sabendo dar nomes.

sábado, 10 de dezembro de 2022

Minha Vida em Portugal - Capítulo 01

 Se no começo do ano alguém me falasse que eu estaria morando em outro país em dezembro eu iria dar uma sincera gargalhada. Meu vislumbre de vida como imigrante europeu começou a se desenhar em agosto quando a passagem foi comprada, até então não tinha dimensão do que era a vivência aqui, tudo era uma novidade e uma expectativa. Quando o dia 15 de novembro foi se aproximando, comecei a entender a responsabilidade da minha decisão e comecei a oscilar entre a ansiedade, a desistência e o medo. 

O dia de viajar foi horrível porque eu tive que deixar para trás minha mãe e minha cachorra. Eu me senti egoísta deixando mainha só e me senti abandonando Sissy. Eu deixei para trás a pessoa que me deu tudo a vida toda e o animal que foi minha companhia sincera nos piores momentos, desde então eu me sinto um lixo, um ingrato, todos os dias eu penso em voltar para casa mas isso seria um atestado de fracasso. Vai ser a prova concreta que eu só fiz gastar dinheiro, não tive retorno de nada e estou voltando para minha vida de sempre com um país sem perspectiva. 

Existe um peso muito grande sobre o meu sucesso aqui, da minha família, dos meus amigos, minha... Eu durmo e acordo todo dia pensando: O que é que eu fiz da minha vida? 



Essas foram as primeiras imagens que eu registrei ainda no Brasil, estava com medo, apreensivo e pela primeira vez não tinha o controle da narrativa da minha própria vida. O voo foi tranquilo apesar de alguns momentos tensos, como eu odeio avião tudo para mim foi ruim. 


 


Pela minha cara dá para perceber que nada ia bem. 









Esse translado Recife/Lisboa foi demorado e eu não consegui dormir um minuto, estava completamente esgotado e ainda tive que esperar 6 horas para meu destino final que era a cidade de Porto. 





O avião que levava para Porto era péssimo, velho, o tempo estava horrível, eu achava a todo minuto que ele iria cair. Nesse momento eu não conseguia pensar em nada, eu estava exausto psicologicamente. 
A sensação era de alerta/medo o tempo todo como um bicho acuado com medo do seu predador, era assim que eu me sentia. 




Quando finalmente cheguei no aeroporto de Porto ainda passei por uma segunda imigração, a primeira foi até tranquila mas a segunda foi ridícula. Abriram todas as minhas malas procurando não sei o que, bagunçaram tudo, mil perguntas... Eu só queria ir embora dali. 
Após quase 30 minutos de falatório fui liberado e foi uma função conseguir chamar um uber porque eu estava com o numero do Brasil, com o wifi do aeroporto e caia uma chuva torrencial, foi um pesadelo! Que dia terrível. 
Os ubers cancelavam porque não conseguiam entrar em contato comigo e quando finalmente consegui pegar um ele falou mal de Portugal do começo ao fim, esse homem falou tanta coisa ruim do país que eu tive vontade de voltar para o Brasil na hora. A chuva continuava a cair cada vez mais forte e como toda desgraça é pouca ainda fui deixado no lugar errado, cheio de mala, literalmente jogado no meio da rua e obvio que levei um banho e todas as malas molharam porque eu não conseguia achar o hotel.
Eu nunca vou esquecer meu estado emocional subindo uma rua que nunca vi antes na vida, todo molhado, sem nem saber onde estava, sem internet para me comunicar e carregando aquelas malas pesadas. Nesse momento eu desabei mas o meu anjo da guarda conseguiu me mostrar o caminho e achei o hotel que iria passar a noite. 

Eu fiquei nesse quarto aqui num lugar chamado Oporto Bonjardim Residence 


Eu só fiz tomar um banho, pedir comida e desabei num sono profundo. Meu irmão ainda foi me visitar de madrugada mas não conseguiu dormir comigo porque eu estava tão cansado que ronquei como uma porca. Essas foram as minhas primeiras horas em Portugal e a todo momento só uma coisa martelava na minha cabeça: EU QUERO IR EMBORA!

Mal sabia eu o que me esperava...






segunda-feira, 6 de junho de 2022

 

Estamos no meio do ano e eu não consegui resolver nada do que me propus (ainda). Continuo solteiro, minha vida profissional uma verdadeira piada e até a motivação de ir para academia eu perdi e engordei. O professor até me ligou semana passada perguntando porque eu nunca mais fui e respondi a ele a verdade: Estava com preguiça, ele riu.

Acho que 2022 é um ano divisor de águas na minha vida, eu já tinha sentido mais ou menos isso no réveillon só não esperava tanto. Apareceu uma oportunidade que eu estou morrendo de medo, mas já decidi que vou, sempre me gabei do meu desejo de abraçar o mundo e chegou a hora de abraça-lo. É difícil para mim deixar tudo para trás, mas atualmente eu não tenho perspectiva das coisas talvez viver o novo seja uma experiencia boa.

Minha vida toda tem sido uma eterna sensação de estar preso e eu tenho sido minha própria prisão. Eu reprimi minha sexualidade, minhas vontades e até hoje reprimo até minha criatividade e não sei o porquê disso. Não sei explicar bem o que é a sensação de ser refém dos meus próprios medos e tem sido eles que tem me dominado. É como se eu fosse um quadro branco com várias possibilidades de cores e a única tinta pintada na tela é a branca. Sem graça né? Tá na hora de colorir esse quadro.

Eu entendo e percebo minhas qualidades e sei do meu potencial e talento para ir muito além porque um dia eu vou ser muito grande, grande num nível que vou ser conhecido e amado pelo mundo inteiro porem, por algum motivo no meio do meu caminho me perdi. Espero que me encontre.

É isso!

domingo, 1 de maio de 2022

A difícil arte de lidar com seus próprios monstros.

Hoje acordei com vontade de escrever sobre mim, mas não aquela parte dos problemas que vez ou outra venho detalhar aqui. Queria achar uma forma de traduzir em palavras como eu me sinto na maior parte do tempo, há dias como hoje em que me sinto na inquisição. A sensação é de estar numa fogueira ouvindo ao meu redor: “queima a bruxa” e a bruxa sou eu.

E eu reajo a esse sentimento com explosão, tudo pode deflagrar uma briga independente da pessoa e nisso eu sou bastante justo porque a minha animosidade é igual para todo mundo. Meu pensamento é acelerado, sou muito bom de raciocínio e palavras, se junta isso com um momento de fúria é a gasolina e o fogo necessário para tudo ir pelos os ares. Isso é algo que busco mudar na terapia junto com uma certa mania de reclamar, eu reclamo de tudo e a minha psicóloga disse que reclamar é clamar duas vezes e tem situações e mudanças que não se resolvem reclamando. Errada ela não está.

Ainda assim é difícil manter esses ensinamentos porque eu não gosto dessa sensação das pessoas sentenciando minha vida e ela tem sido cada vez mais frequente. Eu olho para mim e enxergo algo que nunca fui que é uma pessoa amarga, compulsiva, depressiva... Tem momentos em que eu questiono minha própria sanidade achando que minha saúde mental acabou. Meu humor oscila tanto que já cogitei a possibilidade de ser um fragmentado, bipolar, sociopata, psicopata, narcisista, ególatra... Nossa, só eu sei o que se passa na minha cabeça.

Eu realmente estou num momento muito infeliz da minha vida e não sei sair disso, acho que minha mente está tão fechada nesse ideal de fracasso que sinto que para mim não existe solução, que tudo acabou e até minha formação superior que eu tinha tanto orgulho de ter concluído pensando hoje acho que foi um erro porque ao invés de me libertar, me aprisionou. Eu sinto falta do Renato lá de 15 anos atrás com sonhos. Eu idealizava minha vida de uma forma completamente diferente do que ela se tornou hoje. Me sinto velho, incapaz de despertar o interesse das pessoas e nos momentos de descontração as vezes finjo ser um personagem para poder me manter agradável quando na verdade queria estar em casa dormindo. Sei que a verdade plena é uma utopia só que sendo honesto sobretudo comigo em nenhum pilar de relação humana eu tenho êxito, a questão familiar dispensa comentários, tem sido insustentável, a amorosa completamente inexistente e a profissional um verdadeiro lixo e olhe que isso é uma palavra bem amena. 32 anos e eu não construí absolutamente nada se isso não é um grande fracasso que nome pode ter? Ao redor todos os meus amigos construíram suas carreiras uns com dificuldade, outros não mas avançaram o sinal e eu permaneci para trás, esse sentimento de ficar para trás é muito ruim porque me faz pensar que viver não vale a pena porem morrer também não. Essa dicotomia que é a minha vida gera muita controvérsia porque sinto que não achei meu lugar no mundo e quando a gente não se sente pertencente a algo resta o vazio e é assim que me sinto: vazio.

Como preencho esse vazio é uma grande questão da qual infelizmente não enxergo solução e nem resposta. Enfim... Hoje eu precisava de acolhimento, mas só consigo me enxergar sozinho. Espero que em algum momento isso passe.

terça-feira, 26 de abril de 2022

Tempus est dominus rationis

Eu fui ler a última postagem e fiquei pensando: Como pode né? Os sentimentos explodem como um campo minado dependendo do humor e da situação que estamos vivenciando. Tem sido dias tranquilos depois da tormenta (que para mim não acabou) minha relação com minha mãe melhorou quando passei a exercitar a paciência e compreendi que a depressão é uma doença silenciosa que tira a gente dos trilhos, se não há embate direto sobra pouco para conflitos e de resto é um processo muito particular que ela tem que passar sozinha embora não esteja só. Cada pessoa tem seus traumas, suas inseguranças, seus medos, lidar com isso é muito difícil porque explicita que somos pessoas frágeis e para alguns a mínima possibilidade de se enxergar frágil é dolorosa. A vida vai fazendo com que a gente crie cascas que são geradas por camadas ao longo dela e se despir dessas cascas não é fácil porque elas são proteção, escudo... Eu tenho tentado me despir das minhas para entender o caminho que quero seguir e não é fácil porque esbarro em muitas paredes levantadas ainda na infância e que eu não tinha a menor ideia de que hoje elas seriam relevantes no meu processo de autoconhecimento e aceitação. 


 

Tenho pensado muito na minha relação com meu pai ou no que ela poderia ter sido se fosse de outra forma. Os sentimentos se misturam porque ora eu sinto tristeza, remorso, culpa, pesar, dor... Eu não acho que tenha passado pelo luto da forma que devesse passar e se é que existe alguma forma de passar por isso, já refleti bastante sobre essa questão ao mesmo tempo penso que eu fui o que consegui ser porque a gente nunca é o que gostaria, é o que consegue ser.

Eu não posso e nem devo me colocar numa autoflagelação como se fosse o protagonista de uma história que eu não sou. Racionalmente é assim que penso, mas sentimentalmente o pensamento é oposto. Passo horas observando essas duas imagens: A dele vivo já doente e a lapide dele já morto. Em que lugar nesses dois espaços de tempo eu me encontro? Não sei responder. A chave que acessa essa resposta no meu subconsciente não está disponível. Para ser bem sincero eu nem sei como lido com essa questão porque é um assunto que não gosto de abordar com as pessoas, que eu me incomodo de falar, que me emociona e claramente não está bem resolvido é difícil essa cruzada. 

No campo de relacionamento eu resolvi ressignificar tudo que isto tem a me dizer. Primeiro que no momento que estou cheio de questões internas para lidar e resolver estar com alguém ia ser um verdadeiro transtorno e ia ser mais um problema para administrar e depois que as vezes que sai eu parei de me cobrar em beijar alguém, ficar com alguém porque essas pressões que nós mesmos nos colocamos sempre desagua num lugar de frustração porque a expectativa é toda criada em cima da aceitação de uma outra pessoa sobre nós. E eu não preciso que alguém demonstre que eu sou interessante para que me sinta interessante, esse peso da aprovação do outro resolvi me libertar e isso fez com que as coisas se tornassem mais leve. O preço disso é ficar sem sexo, mas a gente nasce e até uma certa idade antes da puberdade nem sabe que existe isso, se de hoje em diante eu não transar mais com ninguém tudo bem também. Tenho questões mais relevantes para abordar e resolver do que isso.

Eu noto que na comunidade da qual faço parte que é a gay existe um medo muito grande da solidão. A solidão do homem gay é algo muito complexo de explicar porque isso atinge as pessoas em níveis diferentes e a importância desse tema nas pessoas também varia de acordo com os ideais de cada um. Só um ponto é unanime em todas elas: ser e se sentir amado, no fim isso é o que todo mundo busca e que os gays assim como outras minorias sentem que tem pouco em relação ao resto do mundo. Foi por buscar suprir essa carência que me permiti viver algumas relações tóxicas que não tinha necessidade de viver e dais quais fazendo um retrospecto me arrependo profundamente porque não me causaram beneficio nenhum em nenhum sentido nem mesmo o do aprendizado. O que levo delas são os traumas que vive e as explorações (inclusive financeira) que passei. Hoje lido bem ou pelo menos tenho vivido temporariamente bem com a ideia da solidão, isso é um fantasma que não me assusta e nem me aprisiona mais. 

No campo profissional continuo num eterno dilema pois completamente insatisfeito com a minha situação atual e com o exercício da minha profissão ao mesmo tempo que é um desperdício uma pessoa com a minha criatividade não estar trabalhando com isso. Mas, eu não sei que linha seguir, as vezes acho que estou velho para começar do zero e isso é algo que me deprime e desespera. Eu não consigo enxergar nem por onde começar porque eu gosto de muitas coisas: de escrever, de criar, de falar, de me apresentar... Na minha essência eu sou um artista, mas não estou sabendo direcionar isso para nada. O que é uma merda porque me adoece e provoca em mim uma sensação muito peculiar de fracasso. Eu comecei a fazer fisioterapia pensando que curando e ajudando as pessoas eu estaria curando e ajudando a mim mesmo e cometi o pior dos erros que é o de fazer algo por conveniência e não por amor e agora estou nesse looping e não sei sair disso, não sei a quem recorrer, foda. ☹ 

Para não dizer que não fiz nada mais uma vez me inscrevi no Big Brother, isso é a única coisa divertida que eu faço por mim porque por si só a ideia de me tornar uma subcelebridade já é caricata. Eu renderia tanto num programa desses, uma pena que quem seleciona as pessoas não enxergue meu potencial porque eu entregaria tudo. Diferente dos outros anos esse eu fiz minha inscrição sem ansiedade e esperança nenhuma porque qual é o padrão de escalação? Pessoas padronizadas com harmonização facial, com notoriedade nas redes sociais e jovens. Os que não seguem essa linearidade (onde eu me enquadro) entra em pouco número. Aí escolhem um monte de gente morta que não proporciona nada podendo me escolher que sou fã do programa e proporcionaria tudo basta perguntar a qualquer pessoa que convive comigo. Triste. 

E é isso! Bjs  


segunda-feira, 21 de março de 2022

Chaos

Eu falei que voltaria em breve para os updates da minha vida né? Bem... A profissional está completamente inexistente e todo dia eu penso que tenho quase 34 anos e não construí absolutamente nada, eu me sinto uma farsa, um fracasso e lido todos os dias com meus próprios fantasmas que me lembram diariamente que nada do que fiz deu certo. Eu juro que tem horas que a vontade que eu tenho é só de morrer.

A amorosa foi risível, Max que foi o nome do indivíduo que eu me apaixonei se mostrou um belo de um babaca e depois que conseguiu o que queria (transar comigo) não teve nem a consideração de falar mais nada. Para não ser injusto quando meu pai faleceu ele mandou uma mensagem super genérica de condolências que era melhor não ter mandado nenhuma. Realmente me deu vergonha de ficar escutando Jão e pensando nele. Pior de tudo para mim foi a sensação de me sentir usado e descartado e nem vou cobrar tanta coerência da minha parte porque ele agia de uma forma muito sedutora, compreensiva e para uma pessoa carente do jeito que eu estava era de se esperar que eu caísse desse penhasco, caí e a queda doeu. Depois desse episódio eu tive um outro ainda pior.

Um tempo atrás até mesmo antes de meu pai falecer tinha saído com Carol para um bar LGBT da cidade e vi um menino que estava lá, eu notei que ele estava me paquerando mas não dei muita bola porque não estava num bom dia. Esse menino não sei como achou meu perfil na internet, trocamos contato e ficamos nos falando por meses até que sexta feira (18/03) finalmente tivemos nosso primeiro encontro e o que era para ser uma noite romântica virou um enterro. O cara já entrou na boate paquerando todo mundo ao redor comigo do lado, beijou outro cara na minha frente quando fomos comprar bebida, na hora que estávamos na pista de dança também beijou outro cara e depois ficou me chamando de amigo. Essa foi uma situação embaraçosa e humilhante da qual eu não devo me culpar porque foi uma falta de respeito que partiu dele, mas né? Para alguém que tem histórico de rejeição isso bate num lugar muito especifico. Que noite horrenda meu Deus, já me acostumei ao fato de que não nasci para ser amado por ninguém porque minhas relações sempre terminam em trauma. Estou completamente desacreditado no amor.

No âmbito familiar nada também vai bem porque como eu não estou psicologicamente equilibrado por vários fatores não é difícil imaginar que a vida dentro da minha casa que deveria ser um reduto de paz virou um reduto de caos. Minha relação com minha mãe vai de mal a pior principalmente depois da morte do meu pai, ela se tornou uma pessoa ainda mais distante de mim do que já era, fala coisas terríveis comigo e a sensação que tenho é que se tratando de mim não existe mais respeito, admiração ou cuidado. Ela me trata como um mordomo sempre a disposição das ordens dela porque o fato de morar aqui significa que tenho de me submeter as suas vontades por sua vez eu também estou impaciente, decepcionado com esse tratamento dela comigo, me sinto injustiçado então quando acontece de ter dias em que os dois estão impacientes pega fogo.

Nem sempre eu estou certo nas palavras, mas eu reajo as atitudes e falas dela, nossa relação só vai mudar quando eu sair daqui a convivência está sendo maçante, cansativa, tem me feito muito mal viver nessas condições apesar de todo meu privilégio. A convivência dissolve a gentileza. Durante muito tempo eu achei e me sentia na obrigação de agradar minha mãe sob todos os aspectos porque me sentia culpado por ser gay daí quando eu tive consciência que eu poderia ter minhas próprias vontades respeitadas aí começaram os conflitos que foram se intensificando com o tempo. Coisas bestas começaram a gerar desentendimentos por exemplo, se eu tivesse um compromisso marcado e saísse para acompanhá-la em algo, nunca meu horário era respeitado. Já teve episódios de eu perder cinema, os parabéns de aniversários e etc. porque estava acompanhando-a comprar roupa. Quando a minha postura mudou e eu comecei a ir embora no horário que eu tinha combinado e deixado ela nesses lugares sozinha aí que foi dado o start.  Hoje a forma mudou um pouco, o boicote quando saio é outro.

Minha mãe além de depressão tem várias doenças pré existentes que vão de diabetes a enxaqueca crônica, passando por uma insuficiência renal importante, pressão alta e ela quase teve câncer de colo de útero tendo que ser mapeado isso mensalmente e nem isso ela faz. Então adquiriu-se o habito de ou se automedicar ou ficar em casa passando mal até as últimas para assim procurar um hospital. Ai quando eu saio fico sendo bombardeado de mensagens dela dizendo que não tá bem, que o médico que trabalha com ela orientou ela a ir não sei onde me diz se você saindo para qualquer lugar recebe uma mensagem assim da sua mãe como é que você fica em paz? Isso é outra coisa me irrita nela. Então o somatório de tudo isso acaba virando ranço, com a venda da casa do meu pai eu vou ganhar uma grana que vai dar para me manter um tempo fora e acho que a relação vai melhorar bastante com a distância porque isso tem feito eu me tornar uma pessoa chata, amarga e intolerante. Esse comportamento também deve provocar nela o mesmo ranço e num lugar que não existe dialogo porque de fato a gente não tem como é que se resolve? Todas as vezes que a gente conversou sobre mudar as coisas para viver melhor ela nunca mudou, fica difícil. Mas isso não é culpa dela somente porque eu também tenho uma participação muito grande nessa relação de dependência sobretudo emocional, se as coisas chegaram nesse ponto foi porque eu permiti que elas fossem desse jeito. O tempo melhora as coisas e eu espero que amenize essas tretas porque eu amo minha mãe e me machuca muito viver nesse clima porque ninguém é uma coisa só. Não vou taxá-la de ruim por um lado sendo que ela tem outros que são bons e eu também tenho meus defeitos que não são poucos.

Acho que no fim das contas sendo objetivo tudo parte mais de mim do que nos outros porque eu fico me comparando com meu irmão caçula de 25 anos que já comprou o imóvel dele e está indo morar na Suíça dia 30 enquanto eu construí o que? O ranço das pessoas em mim.

Por hoje é só.